terça-feira, 28 de agosto de 2012

Filhas Da Lua na TV!

Pessoal, meu grupo esteve na gravação do programa Ricardo Noronha Show ontem! Foi tudo muito legal. Adorei gravar. O programa vai ao ar ainda, então quem quiser conferir, é só acompanhar a transmissão pela Rede TV, nesse domingo, a partir de 14h30.

E não deixem de acompanhar o blog das Filhas Da Lua. Teremos novidades e mais novidades vindo por aí:


E o meu vídeo do hafla no Shaman's Fest II, quem já viu?? Postei já... ;)

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

terça-feira, 21 de agosto de 2012

A Arte do Improviso

Entre várias definições e categorizações, podemos distinguir em duas linhas a forma de dançar: coreografada e improvisada. Nenhuma é melhor que a outra, elas são diferentes, com motivações diferentes e com processos diferentes. Ambas porém, requerem estudo, treino, lapidação.

Resolvi falar sobre isso porque é um assunto que me envolve bastante. Eu já dancei e claro, ainda danço, das duas formas, mas tenho preferência por uma delas. Essa diferenciação sempre me causou incômodo, até que entendi que todo processo de elaboração presente em uma apresentação de dança é possível, válido e de qualidade. Com isso, quero dar a entender que as duas formas, improviso e coreografia são processos de mesma qualidade, com diferentes vantagens e desvantagens.

No evento recente que estive, o Shaman's Fest II, tive claras evidências de como essas coisas caminham, e vou dividir minha experiência.

Eu coreografo principalmente para minhas alunas, para espetáculos em teatros, onde precisamos trabalhar mais do que movimentos corporais, mas sim a ocupação do espaço e a movimentação entre-corpos. O processo coreográfico nesse caso é essencial para que haja beleza visual, pois um grupo de pessoas precisam de um ordenamento anterior ao palco a fim de alcançar essa ocupação espacial e movimentação entre si de maneira satisfatória. Então aqui, a coreografia mostra vantagens.

Mas e quando você tem uma coreografia feita para ocupar um certo espaço e tem a oportunidade de dançar em um lugar com espaço muito menor? O que fazer? Adaptar a coreografia é uma possibilidade. No lugar de fazer aquele giro que nos faria parar lá na outra ponta do palco, fazemos giros no eixo. E o que é isso senão improvisar...

Mas, alto lá, há duas significações bem distintas para improviso na dança. Improvisar é encontrar uma solução rápida, não necessariamente a melhor, para resolver uma situação ou problema inesperado. Como uma mudança no giro para não dar de cara com a parede como o exemplo acima.

Outra coisa é o que chamo de "arte do improviso". Nessa significação não estamos resolvendo algo em cima da hora, ou "dando um jeitinho" numa coisa que poderia dar errado ou não foi bem programada. Não. A arte do improviso envolve todo um processo para conseguir dançar uma música com beleza e qualidade, porém sem coreografia prévia, sem uma sequência fixa de movimentos preestabelecidos.

A metodologia para fazer um bom improviso segundo essa significação é individual, mas conversando com pessoas que trabalham assim, descobri pontos em comum: ouvir muitas e muitas e muitas vezes a música selecionada e estabelecer pontos específicos (mudanças de ritmo, clímax, início, fim, etc) para dar coesão e significação ao processo improvisacional.

Há ainda muitas outras ferramentas para tratar o processo de improviso, mas não é esse o foco desse texto.

No Shaman's Fest II levei uma música para dançar no Hafla, que foi realizado em uma pousada. Como eu nunca tinha estado lá antes, não tinha a menor ideia de como era o espaço e me deparei com o seguinte: um pequeno palco de madeira (bem velhinho e surrado pelo tempo) de forma triangular encostado na parede como uma cantoneira da altura de um degrau de escada (ou pouco mais). Ao fundo havia algumas hastes de madeira amontoadas e ao lado uma árvore cujos galhos baixos faziam uma interessante moldura. O chão era de pedras. Pedras grandes, rugosas e desniveladas. Ao lado da árvore ficava o bar e cercando o espaço para as apresentações ficavam outras árvores e mesas e cadeiras. Ou seja, um grande desafio. A primeira coisa que pensei foi em usar a árvore ao lado do palco como parte da apresentação, interagindo com ela. Mas logo que comecei a dançar, bati o braço (eu acho) no amontoado de hastes de madeira, e isso me desconcentrou, acabei esquecendo da árvore. Também, assim que vi a estrutura do espaço reservado para apresentação, percebi que precisaria usar os dois níveis, o pequeno palco e o chão, pois não conseguiria trabalhar a extensão usual dos meus movimentos em apenas um deles. Fiz algumas adaptações (improviso sentido número 1) dentro do que eu tinha trabalhado, por conta do ambiente. Então, nesse caso, eu fiz os dois improvisos: a adaptação emergencial e o trabalho estruturado para dançar sem coreografia.

Um pouco depois resolvi dançar outra música, que gosto, já havia dançado antes, mas não havia me preparado para apresentá-la. Qual não foi minha surpresa... Foi horrível. Apesar de receber inúmeros elogios nas duas apresentações, sei a diferença de qualidade entre elas. Sinto isso e o público sente também.

Lembro-me quando após a segunda apresentação uma colega da cia. Shaman perguntou surpresa "você nasceu no palco, né?", então eu disse que não, que dançava a pouco tempo, mas ela, ainda perplexa, concluiu com alguns elogios e disse que eu tinha facilidade e parecia me sentir muito à vontade ali. Agradeci e de alguma forma a conversa rumou para o fato de eu não ter coreografado aquelas apresentações, ter dançado em improviso. Nesse instante minha colega e todas as demais que estavam perto, compartilhando da conversa, ficaram ainda mais impressionadas. Claro que fiquei super emocionada, feliz, grata e sei lá mais o quê.

Mais tarde, já fora do "calor do momento", refleti sobre tudo isso e entendi que a arte do improviso requer técnica, trabalho, estudo e todo o processo de criação de uma dança, que é algo de qualidade, que é belo e que pode impressionar.

Por isso, e por toda uma experiência de vida que não cabe em um post, entendo as duas significações do improviso e, apaixonada, seguirei meu trabalho de especializar e aperfeiçoar a Arte do Improviso.

segunda-feira, 21 de maio de 2012